Planejamento estratégico na prática

Planejamento estratégico na prática

Quem conhece Alice no País das Maravilhas, com certeza se lembra da máxima “para quem não sabe onde quer chegar, qualquer lugar serve”. Pois saiba que a ausência de um planejamento estratégico faz com que a sua empresa se encaixe nessa história.

Principalmente quando falamos de equipes, é muito fácil ver as pessoas envolvidas na rotina e em resolver urgências. Assim, se esquecer dos objetivos e do que realmente importa se torna algo comum.

O resultado, então, é uma empresa que perde a sua identidade e não consegue se diferenciar no mercado. E, com certeza, isso não é algo que você deseja.

Continue com a leitura desse artigo e veja como montar um planejamento estratégico na prática. Além de receber dicas valiosas para finalmente tirá-lo do papel!

1. O que é Planejamento Estratégico?

O planejamento estratégico é um processo amplo e que pode permear todo o negócio ou apenas uma área específica. É ele que dá à organização e seus colaboradores um mapa de ação para conquistar objetivos.

O planejamento estratégico identifica as oportunidades e ameaças do mercado, bem como os pontos fortes e fracos da empresa. Ele também determina as metas e os indicadores de performance, além de elencar os recursos, prazos e pessoas necessários para alcançar o que se deseja.

Em outras palavras, o planejamento estratégico é uma grande estratégia de jogo para a sua empresa vencer os concorrentes. É ele quem garante o crescimento a longo prazo e orienta as ações do negócio para que ele não se perca no meio do caminho.

2. Etapas do Planejamento Estratégico

É importante que o planejamento estratégico seja coordenado por um gestor. Assim, não há o risco de ele não ser finalizado ou de as ações não serem implementadas.

O documento também deve seguir uma ordem lógica para que o plano tenha coerência. Veja quais são elas a seguir:

2.1 Diagnóstico

O diagnóstico é o momento em que a empresa olha para fora, entende o mercado e se compara com concorrentes.

Esse mapeamento é de extrema importância, uma vez que permite identificar oportunidades de atuação. Além disso, é preciso entender o contexto do país e do mundo para que os objetivos e ações traçadas posteriormente façam sentido.

Para essa etapa do planejamento estratégico, há algumas ferramentas que podem ajudá-lo:

  • Análise SWOT: elenca as oportunidades e ameaças do mercado, como legislações, sazonalidades e momento da economia. Bem como os pontos fortes e fracos da empresa em relação à concorrência.
  • Análise PESTALD: bastante similar à etapa da análise SWOT que analisa o macroambiente, ou seja, as forças externas. A PESTALD levanta os fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais, legais e demográficos que impactam o negócio.
  • 5 forças de Porter: com base em 5 fatores, a ferramenta analisa a concorrência entre empresas. Poder de negociação com fornecedores, ameaça a produtos substitutos, poder de negociação com clientes, ameaça de novos entrantes e rivalidade entre concorrentes. Ao avaliar esses itens, é possível entender melhor como a empresa atua em relação aos demais players.
  • Matriz BCG: analisa os produtos ou unidades de negócio da empresa. Baseada no conceito de ciclo de vida do produto, ela permite entender se a empresa está em ascensão, estabilidade ou declínio. E, ao compreender esses momentos, é possível alocar os investimentos e esforços necessários para manter a competitividade.

2.2 Diretrizes estratégicas

Todo negócio reúne um grupo de pessoas com um objetivo em comum. E, para conquistar esse objetivo, é preciso compartilhar de uma mesma identidade. Caso contrário, a empresa não terá uma unidade e tampouco conseguirá olhar para o mesmo foco.

É por isso que a missão, visão e valores são tão importantes para o planejamento estratégico. São eles que vão definir a identidade organizacional e, assim, criar o DNA do negócio.

Nesse momento, a empresa responde a perguntas muito importantes: “Qual o papel da empresa na sociedade?”, “Quais os nossos sonhos?”, “No que acreditamos?”.

Missão

Define os motivos pelos quais a empresa existe de forma clara e bem formulada. É ela que dá o senso de propósito às pessoas. Em outras palavras, a missão diz o que fazer, para quem e de qual forma.

Um exemplo de missão: “Organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis” – Google.

Visão

A visão é sinônimo de sonho. Ela retrata qual o patamar que a empresa deseja alcançar no longo prazo, mas de forma concreta. Dessa forma, a visão vai guiar a atuação do negócio ao longo dos anos para que esse sonho seja conquistado.

A visão da Disney, por exemplo, é “Criar um mundo onde todos possam se sentir crianças”.

Valores

Os valores são as crenças que formam a empresa. Por isso, eles orientam a conduta desejada dos colaboradores e, até mesmo, fornecedores.

Ao contrário da missão e da visão, os valores tendem a não mudar justamente para que a empresa não perca a sua essência.

Promover a mudança, inovar, respeitar e ser honesto são alguns exemplos de valores.

2.3 Objetivos, metas e indicadores

Os passos anteriores do planejamento estratégico farão com que você tenha informação suficiente para o que vem a seguir. Agora é chegado o momento de entrar na parte estratégica para conquistar a visão do negócio.

Para tanto, é preciso definir objetivos claros, desafiadores e possíveis de serem conquistados. E todos eles devem vir acompanhados de indicadores de sucesso para que vocês consigam avaliar o desempenho.

Novamente, existem algumas ferramentas que vão ajudá-lo a cumprir com essa tarefa:

Balanced Scorecard (BSC)

Essa é uma ferramenta muito usada na Administração. Ela permite traduzir a visão da empresa em objetivos estratégicos e que possam ser monitorados.

Para tanto, o BSC usa de 4 perspectivas que são equivalentes aos pilares de uma empresa:

1 – Aprendizado e crescimento;

2 – Processos internos;

3 – Clientes;

4 – Área financeira.

É importante dizer que essas 4 perspectivas possuem uma relação de causa e efeito entre si. Com isso, atingir o objetivo de cada uma delas vai impactar diretamente na outra.

Para conhecer melhor o Balanced Scorecard, recomendamos a leitura desse artigo.

ORK´s – Objectives and Key Results

Apesar da sigla com sonoridade engraçada, os ORK’s ajudam a definir os objetivos e a entender se eles estão sendo alcançados.

Em tradução livre, o termo significa “objetivos e resultados-chave”. Ou seja, ele aponta onde a empresa precisa chegar e como vocês identificam se o caminho está adequado.

Imagine que a sua equipe tem a visão de ganhar uma corrida de revezamento. Para atingir esse objetivo, é preciso cumprir com outros objetivos secundários:

  • Melhorar o tempo da equipe reduzindo-o para 20% do atual;
  • Vencer 5 corridas locais.

No entanto, para atingir esses 2 objetivos secundários que levam à conquista da visão, são necessárias mais algumas atitudes. Dessa forma, o treinador de vocês traça as seguintes metas a serem conquistadas em 1 ano:

  • Melhorar a passada de bastão para que ela aconteça com uma velocidade 5% maior;
  • Aprimorar a velocidade da saída em 10%.

Note que os objetivos do time de corrida foram esmiuçados e traduzidos em metas e indicadores de performance. Assim como acompanhadas de um período de tempo.

Com isso, ficará muito mais claro que atingir o resultado final de forma estratégica e ordenada.

Para entender melhor o que são e como usar os ORK’s, recomendamos a leitura desse artigo.

2.4 Projetos e processos

Agora é chegado o momento de definir o plano de ação do seu planejamento estratégico. Aqui serão elencadas as tarefas necessárias para cumprir com objetivos e metas. Portanto, essas tarefas são fundamentais para alcançar os resultados.

Vale ressaltar que os projetos e processos devem sempre estar em conformidade com os objetivos. Caso contrário, a empresa estará empregando esforços e dinheiro em atividades que não contribuirão para a sua visão.

Além disso, as ações devem vir acompanhadas de uma priorização. Tenha em mente que é impossível transformar tudo em prioridade. Por isso, é preciso entender o que realmente fará a diferença a longo prazo para o negócio.

Essa pode parecer a etapa mais simples do planejamento estratégico. No entanto, é onde a maioria das empresas falha. Justamente porque as ações não são condizentes com os objetivos. Ou então, ficam “soltas” no papel e nunca acontecem.

Assim, não deixe de também definir prazos, responsáveis, budgets e outras informações que deixarão o plano de ação claro e coerente.

2.5 Controle e gestão

Se você achou que o planejamento estratégico tinha acabado no tópico anterior, tente controlar a ansiedade!

Esse não é um documento que deve ser criado uma única vez para depois ficar guardado na gaveta (ou em uma pasta no servidor). É preciso acompanhá-lo constantemente e revisar as metas, processos e estratégias.

É importante realizar essa atividade de forma mais intensa e crítica todo trimestre. Dessa forma, será possível atualizar o diagnóstico, entender se as metas foram alcançadas e até mesmo defini-las novamente.

Sem o controle, o planejamento estratégico perde a sua importância e para de ser executado. Por isso, não deixe jamais o controle e gestão de lado!

3. Como tirar o Planejamento Estratégico do papel

Transformar o planejamento estratégico em ações realmente é uma tarefa difícil. Especialmente porque a tendência é nos envolvermos demais na rotina e deixarmos o que realmente importa para depois.

Robert Kaplan, professor de Harvard e criador do Balanced Scorecard (BSC), no entanto, garante que seguir essas dicas vão ajudá-lo a superar esse desafio:

1 – Desenvolva a estratégia. Ou seja, defina o caminho que a empresa deve seguir nos próximos anos e o seu propósito.

2 – Traduza a estratégia em ações. Transforme os objetivos em metas detalhadas com prazos e dados quantitativos.

3 – Garanta com que todos estejam olhando para o mesmo lugar. Mesmo que trabalhando de forma separada, todas as áreas da empresa e ações individuais devem estar focadas à visão do negócio.

4 – Evite desvio de rotas e desperdício de recursos. As prioridades devem estar alinhadas aos objetivos. Faça esse questionamento diariamente para que a empresa não perca o foco em meio à rotina.

5 – Realize reuniões para revisar o planejamento estratégico com frequência. Na ocasião, tenha um olhar crítico para o que foi feito, reconheça os desvios e corrija as ações que não fazem sentido.

6 – Teste e adapte a estratégia em curso periodicamente. Com o planejamento estratégico, o aprendizado é constante. Por isso, nada de entrar no automático!